18.09.12 - Brasil - Adital
Cerca de 40
pescadores de Altamira iniciaram nesta segunda (17), uma ação de protesto
contra o barramento definitivo do Xingu, autorizado na última semana pelo
Ibama, e a tentativa do Consórcio Norte Energia de coibir a pesca em várias
áreas de impacto das obras de Belo Monte. De acordo com os pescadores, com a
diminuição drástica de peixes no rio; devido á existência de algumas espécies
ornamentais apenas em locais próximas aos canteiros, e diante do fato de que
possuem autorização legal para pescar, a Norte Energia foi comunicada que as
atividades de pesca ocorrerão onde forem mais rentáveis, e que a empresa deverá
paralisar suas atividades quando houver pescadores nas proximidades.
Barragem
No dia 12 de
setembro, o Ibama autorizou a concessionária Norte Energia a concluir o
barramento definitivo do rio Xingu, após anuência da Funai, que alega ter
realizado uma série de reuniões com lideranças indígenas para explicar como
será feita a transposição de barcos de um lado ao outro da barragem.
No documento em que
autoriza o barramento do rio, a Funai reconhece que não foram incluídos nos
processos de "esclarecimento” os indígenas da terra indígena Trincheira Bacajá
(localizada no rio Bacaja, afluente do Xingu na área que será isolada da cidade
de Altamira), e que já haviam afirmado que "já estamos cansados de ouvir
transposição. Queremos que as condicionantes sejam cumpridas!”.
Por outro lado, a
Funai destacou que, como a Volta Grande deve secar com o barramento do rio e o
trecho a montante deverá alagar, afetando as ilhas e causando banzeiros no rio,
muitas embarcações terão problemas para navegar, questão não resolvida pela
Norte Energia.
Apesar deste
questionamento, e de questionamentos anteriores de técnicos do próprio Ibama e
da Agencia Nacional de Águas (ANA), e principalmente, apesar do descumprimento
da maioria das condicionantes ambientais e indígenas pela Norte Energia, a
licença foi emitida.
Pescadores
Neste processo, um
setor foi completamente alijado das discussões e de qualquer esclarecimento: os
pescadores e ribeirinhos do Xingu. De acordo com a Colônia de Pescadores de
Altamira e da associação dos comerciantes de peixes ornamentais da região, em
nenhum momento as organizações foram procuradas, receberam qualquer explicação
e muito menos indenizações pelo impacto já sofrido na atividade.
"Os pescadores
estão revoltados. Há um suposto cadastramento das famílias afetadas, cerca de
2,5 mil, mas são muito mais, e ninguém falou com a gente. No ano passado já não
aconteceu a piracema, os peixes não desovaram por conta das explosões nos canteiros
e da luz forte no rio, e o peixe está acabando”, explica Jacson Diniz, da
colônia de pescadores de Altamira.
De acordo com os
pescadores, muitas famílias já estão passando fome e necessidades. No dia 11 de
setembro, o pescador Zacarias Pereira de Oliveira, cuja esposa tem câncer no
útero, acabou preso por caçar 11 tartarugas para pagar seu tratamento, perdeu
sua canoa, o motor e a rede, e deverá responder por crime ambiental.
A notícia é do
Movimento Xingu Vivo | Justiça Global
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